Seu dinheiro por Adriano Koehler
Ganhar sem trabalhar é possível, mas como?
Um dos sonhos de muitas pessoas é ganhar dinheiro sem trabalhar. Claro que isso é possível, mas se você não herdou, não roubou ou não foi sorteado em alguma loteria, você terá que trabalhar bastante para poder parar de trabalhar. Isso porque, normalmente, dinheiro não nasce em árvore. No mundo dos investimentos, é necessário ter dinheiro para poder ter mais dinheiro. Não há mágica nem atalho possível. Mas dá para iniciar seus investimentos focando em ativos que gerem renda passiva, mesmo que no começo o mais importante seja usar essa renda para aumentar o seu dinheiro investido.
A bolsa de valores é o ponto de partida para seus investimentos. Por lei, todas as empresas listadas em bolsa têm que distribuir um percentual de seus lucros para os detentores de ações. A Lei das SA (sociedades anônimas diz que a empresa deve indicar em seu estatuto social qual a porcentagem de lucros que será destinada aos dividendos obrigatórios. Se o estatuto não trouxer essa informação, as empresas devem distribuir 50% do lucro líquido ajustado. Mas nem sempre uma empresa tem lucros, e nesse caso não há distribuição. A empresa também pode decidir reinvestir os resultados no próprio negócio e com isso não ter lucros para repartir. Por isso, é importante estudar bem a empresa para ver seu histórico de pagamentos e seu planejamento futuro antes de investir.
Outro ativo que está na bolsa de valores e também paga dividendos são os fundos imobiliários. Nesses casos, em que ao comprar uma cota você se torna dono de um pedaço de um imóvel, os dividendos que os fundos pagam são um percentual dos aluguéis que eles recebem dos inquilinos de seus imóveis. Há fundos imobiliários que investem em papéis (cartas de recebíveis de outros fundos), mas a lógica é a mesma. E, novamente, é preciso estudar bem cada fundo, saber que ativos (imóveis) tem, qual a taxa de vacância, quantos inquilinos cada imóvel tem. Um detalhe importante: ações e fundos imobiliários listados em bolsa sofrem variação em seu valor, dependendo do cenário econômico. Logo, se você não consegue suportar o sobe e desce de uma cotação, não invista nisso. Mas pense que se Warren Buffet e Luiz Barsi só investem em ações é porque algo de bom tem.
Outro produto que paga dividendos periodicamente é o Tesouro Direto. Há três títulos dentro da plataforma com essa característica: Tesouro Prefixado com juros semestrais, Tesouro IPCA+ com juros semestrais e Tesouro Renda+, esse com pagamentos mensais. Cada um tem regras diferentes, e vale a pena ver qual se adequa aos seus objetivos. A vantagem do Tesouro Direto é que você corre apenas o Risco Brasil, e não há na história do nosso país um calote na dívida interna (a externa é outra história), logo, é um ativo de baixíssimo risco. Só não olhe para a cotação diária do título, pois ela também varia.
Alguns fundos de previdência também permitem o recebimento de uma renda passiva após o período de acumulação. Quase todos os bancos e corretoras de valores têm vários produtos disponíveis com essa possibilidade, e se você pode esperar o tempo necessário, cada aporte novo que você fizer aumentará o tamanho do bolo e sua receita no futuro será maior. Um pouco menos comuns, mas também disponíveis, são CDBs (certificados de depósito bancários) que preveem o pagamento de juros periodicamente, em vez de devolver o dinheiro aplicado corrigido pelos juros combinados no vencimento.
Por fim, quando empresas precisam captar recursos e não querem ir aos bancos pedir financiamento, elas emitem debêntures (títulos de dívida) e muitas delas preveem o pagamento de juros ao longo do tempo, não apenas no vencimento. Como é um ativo que não é negociado em bolsa, ele tem bem menos liquidez, por isso a importância de se avaliar muito bem a empresa de quem se comprará esse título. Ah, e não nos esqueçamos dos FIAGROs (fundos de investimento no Agronegócio), que são semelhantes aos fundos imobiliários, mas cujos recursos vão para o agro. Novamente, a escolha de um papel depende da análise detalhada do ativo.
E como fazer tudo isso ser poderoso o suficiente para que você viva disso? A regra de ouro é investir todos os dividendos que você receber para aumentar o bolo antes de começar a gastar os dividendos. A conta é simples. Suponha que você tem cem mil reais investidos em ações e fundos e recebe 1% de dividendos todo mês no geral. No fim do primeiro mês, você recebe R$ 1 mil. Se você reinvestir esse valor, seu patrimônio subirá para R$ 101.000,00, e seu dividendo no mês seguinte será R$ 1.010,00. Parece pouco, mas mantendo essa disciplina seu dinheiro dobrará em 70 meses (5 anos e 10 meses), e em vez de receber R$ 1 mil, você estará recebendo R$ 2 mil mensais. Aí é fazer as contas de trás para frente: quanto eu quero receber no futuro vai determinar com que quantia você precisa começar.
E acredite, poupar é viciante! Dá uma alegria ver o patrimônio aumentando mês a mês. Pense nisso e comece a investir agora mesmo!
Bons investimentos!
Adriano Koehler é jornalista e assessor de investimentos
(adriano@solutioinvestimentos.com.br)
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